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Coisas de Alice

Somos todas Malévolas


Saudações!

A “contação” de histórias é um método milenar de repasse de sabedoria e cultura. De modo lúdico e cheio de encanto, muito se pode ensinar e aprender! Do repasse oral, aos livros até chegarmos as grandes produções cinematográficas foram alguns milhares de anos e a tradição se mantém, independente da mídia e meios utilizados. Quando se foca no universo infantil, tudo ganha ainda mais importância e destaque!

E mesmo adulta eu super curto o mundo dos livros, filmes e animações infantis! As histórias produzidas “para as crianças”, encantam-me pela delicadeza, beleza, realismo e, principalmente, pelas maravilhosas lições de vida e oportunidades de reflexão e aprendizado.
Dentre as tantas que vi, uma me cativou sobremaneira: Malévola.

A perspectiva da narrativa deste filme de fantasia, sob a ótica da antagonista foi surpreendente! Baseada no conto infantil “Bela Adormecida”, Malévola nos revela que as coisas não foram “bem assim” e, de cara, desafia-nos a compreender em plenitude os fatos que nos cercam.

A narrativa remete à infância da “vilã”, uma doce e jovem fada que se apaixona por um jovem plebeu, Stefan, que ousa invadir o reino das fadas em busca de riquezas. Apesar do primeiro encontro turbulento, nasce uma amizade entre ambos que evoluiu para um doce primeiro amor que parece ignorar as diferenças entre os mundos de ambos.

Vida que segue, nasce no coração de Stefan a ambição e a ganância pelo poder. Diante da possibilidade de se tornar rei, ele dopa Malévola e, sem coragem de matá-la, arranca suas asas.
Diante da dor da traição, ela constrói um reino de sombras e escuridão. Aqui cabe a reflexão sobre o impacto das nossas ações e palavras no mundo do outro, lembrando que somos, sim, responsáveis por aqueles que cativamos.

Do alto do seu funesto castelo, Malévola cultiva sentimentos de rancor, ódio e vingança e fica à espreita, observando a vida do novo rei, até que surge a tão sonhada oportunidade de vingança! Com o nascimento da princesa Aurora, ela arquiteta um presente inesquecível: uma maldição do sono eterno a ser entregue no dia do batizado da inocente menininha.

A história segue com a intervenção das três fadas que modificam o feitiço, possibilitando que ele seja quebrado com o beijo do amor verdadeiro e levam Aurora para viver em segurança na floresta até que complete 16 anos.

Neste momento, a narrativa ganha novos ares! Malévola passa a acompanhar o cotidiano do bebê e acaba cuidando da pequena Aurora.

De bruxa má, ela passa a ser a fada-madrinha de Aurora, chegando até a tentar retirar a maldição. Entretanto, a tão temida data de aniversário chega e Aurora cai no tal sono profundo. Contudo, a grande reviravolta da história acontece quando o beijo de amor verdadeiro é aquele dado por Malévola e não pelo príncipe.

Ela liberta sua filha de coração, mas cai numa armadilha e é presa por Stefan, até que acaba sendo salva por Aurora e ganha suas asas de volta.
Uma história de superação e ressignificação de vida!

Entendo que todas somos malévolas, pois já vivemos esse ciclo de morte e renascimento em diversos momentos.
Todos temos luz e trevas dentro de nós. O que define é o lado com o qual escolhemos agir (J. K. Rowling, autora de Harry Potter). Somos esta dualidade e Malévola nos mostra que é possível sim, mesmo que tendo vivido em meio às trevas e a dor, se voltar para a luz, para o novo e dar a volta por cima, recuperando as asas e voltando a voar!

Essa narrativa também pode nos ajudar a compreender que as pessoas são fruto de uma história! Malévola não se tornou má e vingativa do além! Ela foi ferida e magoada e reagiu a tudo que sofreu.
As pessoas com as quais convivemos não são complicadas somente conosco ou porque querem. Elas são o que sabem ser! Compreender essa condição, permite que despertemos a empatia nos nossos corações!

Essa história também traduz Sartre, quando disse que “O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós”.

Finalizo este texto, mas não essa reflexão, pois a temática é profunda e permitiria diversos desdobramentos.

Desejo apenas que possamos acolher as malévolas que a vida coloca na nossa caminhada, com carinho e respeito e também que sejamos auroras, quando possível, distribuindo amor e salvando vidas!

Um beijo,
Dani

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