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Entrelinhas de Mulher

Chupeta digital


Chupeta digital

Saudações!

Esta semana acompanhei um post no Clube da Alice onde uma mãe pedia uma sugestão de profissional que pudesse orientá-la em relação à filha. Ela relatava que a adolescente estava tão viciada no celular que ameaçou se matar, caso ficasse sem o aparelho.

Dentre a enxurrada de comentários, uns de solidariedade e empatia, outros de acusação e julgamento, o que pude perceber é como as pessoas se sentem impotentes perante o tamanho dessa “encrenca”.

No texto de hoje, vou falar sobre a relação de crianças com os celulares.

Atuo na área de tecnologia educacional desde 1995 e com uso seguro e responsável de tecnologia desde 2000. São alguns anos de estrada que me permitem partilhar minhas percepções como mãe e como educadora.

(Depois, em outra oportunidade, posso falar dos adolescentes e dos adultos. Embora todas as idades sejam importantes, é necessário primar por um dos públicos, senão o post de hoje seria um tratado.)

Chupeta acalma né?

Quando minha filha nasceu, muitas pessoas me aconselharam a dar chupeta para ela, porque “acalmava”. Fazia certo sentido, porque o ato de sugar relaxa o bebê, podendo acalmar a dor, promover uma sensação de aconchego e até melhorar a tão incomoda cólica. Ela não pegou de jeito nenhum, embora eu tenha tentado bastante.

Na minha opinião, os celulares são as novas chupetas. As chupetas digitais que servem para “acalmar” a criança em qualquer situação!

Visual Hunt

Não quer comer? Dá o celular para “enganar”. A criança vê um vídeo entre uma colherada e outra, oferecida, carinhosamente, pela cuidadora.

Tá fazendo manha? Dá o celular para a criança sossegar.

Tá no restaurante? Dá o celular para criança ficar quietinha na mesa.

Tá viajando? Dá o celular para criança não ficar reclamando do percurso.

Tá chovendo? Dá o celular porque a criança não pode brincar lá fora.

Tá com dor de cabeça? Dá o celular para a criança ficar em silêncio.

Tá cansada? Dá o celular para a criança te deixar quieta.

Ou seja, a criança é acostumada, desde a mais tenra infância a ter o celular em todos os momentos de sua vida. O hábito está sendo formado desde os primeiros anos de vida.

E afirmo, chupeta e celular em excesso, têm consequências danosas.

E qual o problema de dar o celular pra criança?

Eu diria que não tem um problema, tem muitos!

A Sociedade Brasileira de Pediatria lançou um Manual de Orientações sobre a Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital, tamanho o impacto negativo que este aparelho provoca nas crianças. (Leia aqui o documento na íntegra).

São problemas de ordem física, psicológica, emocional e mental: ansiedade, atrasos no desenvolvimento motor, distúrbios do sono, obesidade, LER, DORT, problemas de visão, déficit de atenção, aumento na impulsividade, agressividade, problemas posturais, dificuldades nas relações sociais, radiação excessiva, riscos de superexposição nas redes sociais, risco de acesso a conteúdos inadequados e possibilidade de vício.

Tudo isso mesmo Dani?

Sim, tudo isso mesmo! Pense que a criança está em processo de formação física, emocional e social. O uso exagerado do celular pode impactar de todas as formas mencionadas sim, especialmente na questão do vício.

Vicia porque promove prazer imediato. Simples assim!

E cabe um esclarecimento. O uso excessivo do celular ou de jogos digitais pode ser compreendido como um vício mesmo, tal qual álcool ou drogas, tanto que já existem clínicas especializadas nesta “especialidade”.

Outro fato preocupante em relação às crianças é que, diferentemente, de nós elas nunca tiveram os pés no mundo analógico.

Ou seja, dependem de nós para vivenciar e criar esta outra referência.

Meu Deus! O que eu faço? Proíbo Dani?

Para quem tem filhos pequenos não basta proibir! O que tenho visto são pais que pedem que os filhos deixem os celulares mas não propõe nada no lugar!

Eles, muitas vezes, não tem maturidade para fazerem esta substituição! Ou seja, que tenham atividades bacanas que eles se divirtam sem precisar do celular.

Visual Hunt

Leve para jogar bola, brincar no parquinho e soltar pipa.

No restaurante, leve um livro de colorir ou um livro de histórias.

Podem também, por não ter “nada pra fazer”, criar suas próprias brincadeiras, inventando cabanas na sala, castelos de papelão e redescobrindo o parquinho do condomínio!

As crianças precisam também aprender que nem sempre “tem alguma coisa legal para fazer”. Precisam aprender a esperar e ter paciência. Uma fila ou uma viagem são boas oportunidades!

Dá trabalho mas funciona.

E outra coisa é o exemplo!

Não quer que usem demais, não use demais também! (Se você quiser saber se VOCÊ está viciada, faça este quiz foi desenvolvido no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

Celular nunca mais?

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. A palavra-chave é equilíbrio. As tecnologias contemporâneas como celulares, tablets e computadores podem fazer parte da rotina da criança, compartilhando espaço com parquinho, massinha, tinta, soneca, brincadeira com os amiguinhos e tudo mais de bom que você possa proporcionar para ela.

Cada faixa etária tem um indicativo de horas, sugerido pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que pode servir de guia para você.

Deixe a chupeta digital para casos de emergência kkkk!

Que seja a exceção e não a regra!

A vida poderia ser comparada a um lindo piano de cauda. Cada experiência que vivemos é uma tecla que reproduz uma nota musical.

Ver um por do sol, tomar banho de chuva, banhar-se na praia numa noite de luar, comer fruta do pé, cheiro de bolo quente, fazer um gol, ganhar uma corrida, ler um lindo livro, emocionar-se com uma história de amor, rir até doer a barriga são exemplos de maravilhosas experiências de vida.

Se permitirmos que nossos filhos aprendam um único som, estaremos os privando de comporem lindas melodias!

Desejo, ardentemente, que a vida das nossas crianças seja uma maviosa canção!

Sigo contigo no amor!

Dani

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