fbpx
Entrelinhas de Mulher

O verde é lindo mãe!


O verde é lindo mãe!

Jane era professora do ensino fundamental por vocação e amor. Embora a remuneração não fosse das melhores, ela entendia a dimensão do seu trabalho. Ela entendia que os educadores são semeadores do jardim da vida. Ela sabia que os cuidados com o broto eram fundamentais para a saúde e vitalidade da árvore.
Talvez pela força do hábito, talvez pelo conhecimento de causa, talvez pela sabedoria do feminino, ela acompanhava a filha em tudo, inclusive nas tarefas escolares. Mesmo atuando em dois períodos, os finais de tarde eram sagrados para ela. Era o tempo de dar o adubo familiar para sua plantinha, afinal, nem só de escola se alimenta uma “planta”.

Fonte: Visual Hunt

Julinha

Julinha era uma menina esperta e alegre. Faladeirinha e risonha, conquistava a todos com seu jeitinho brejeiro. Era uma criança feliz.
Na atividade daquele dia, Julinha fora desafiada pela docente a registrar, por meio de um desenho, o lugar mais bonito que ela já tinha ido!
Empolgada, compartilhou com mãe sua ansiedade:

– Mãe! O que eu desenho? Eu gostei daquela praia linda, cheia de conchinhas! Mas achei muito linda aquela fazenda cheia de verde! O que eu desenho?

A mãe, sorrindo diante de tamanho dilema, devolveu a questão a filha:

– Feche os olhos e lembre dos dois lugares. Qual faz seu coração bater de saudades?

Julinha gritou:

– A fazenda! Eu vi vagalumes pela primeira vez!

De repente, a menina suspirou e disse:

– Deixa para lá. Vamos de praia mesmo…

A mãe não entendeu o que aconteceu dentro daquela cabecinha amada e tateou:

– Ué? Cada a Julinha feliz que estava aqui? Por que mudou de ideia?

Ela confessou:

– Ah mãe! Eu amo a cor verde! Adoraria pintar a grama. O verde é lindo! Mas teria que pintar o céu de noite para mostrar os vagalumes… Eu não quero usar preto. É uma cor feia!

Jane escutou o brame do elefante atrás da orelha… Que doidera era essa, pensou ela.

-Filha, conta pra mim sobre essas cores aí.

Julinha prosseguiu:

– Ah mãe! Lá na escola ninguém gosta de usar o preto. Todo mundo diz que é uma cor feia.

Jane captou a mensagem e esclareceu:

– Será mesmo filha? Será que o verde é sempre lindo e o preto é sempre feio?
Lembra aquela vez que você viu aquela moça tocando piano e queria saber como ela “adivinhava” qual tecla tocar? Ela te mostrou aqueles papéis com as notas musicais e depois você aprendeu a desenhar algumas? Que cor eram as notas musicais Ju?

– Eram pretas mãe!

-Hum! Ótimo! Olha lá fora filha! Que cor é a noite tão bela?

– Preta mãe!

– Muito bem! Agora vai lá no espelho e veja a cor dos seus cílios e da sua pupila.

Ela foi rapidamente e voltou ofegante:

– PRETO mãe!

– Muito bem! Agora busque meu celular.

Ela foi e trouxe o aparelho.

Fonte: Visual Hunt

– Vamos buscar umas imagens. Você quer digitar Ju?

A menina se prontificou na hora!

– Quero mãe!

A mãe abriu o navegador, na aba “imagens” e orientou a pequena.

– Então vamos lá que vou soletrar: B-O-L-O-R!

Quando as imagens carregaram na tela, Julinha gritou:

– Que nojo mãe!

A mãe rindo, brincou:

– Ué? Verde não é uma cor linda?

Julinha não respondeu, só fitou os olhos da mãe…
Jane prosseguiu, muito concentrada para poder aproveitar aquela oportunidade tão rica de aprendizado!

– Filha querida! Tudo na vida depende do jeito que a gente vê! Do jeito que a gente usa! Tem verde lindo e verde feio, tem preto lindo e preto feio, tem rosa lindo e rosa feio e assim por diante!

– Puxa mãe! É verdade! O Tobby, cachorrinho da tia Nana, é inteirinho preto! Uma fofura! Já pensou se ele fosse verde? Que feio!

As duas riram!

A mãe continuou:

Cada cor tem a sua beleza filha! Seu encanto! E o mundo é tão lindo porque é colorido! Vamos pesquisar de novo! Digite aí: F-L-O-R-E-S!

– Uau mãe! Uma cor mais linda que a outra! Você tem razão, toda cor pode ser linda, depende mim! Vou fazer minha lição!

Julinha abraçou a mãe e foi, feliz, desenhar a fazenda com suas lindas estrelinhas de asas.

Fonte: Visual Hunt

Toda generalização é burra e excludente

Escrevi esta pequena história motivada por essa gritaria que tenho ouvido por aí! Pessoas brigando por cores. Pessoas se agredindo por cores. Pessoas desqualificando as pessoas pelas cores que gostam.
Confesso que me senti triste. Triste por termos falhado como sociedade… Quando o extremismo chega, o respeito sai e a sociedade perece.
NÃO ESTOU DEFENDENDO COR NENHUMA. Defendo o direito de cada qual escolher a cor que mais gosta!
Assim reafirmo, minha fala é absolutamente apartidária. Absolutamente pacificadora.
Sei que o domingo é tenso! Sei que há um clima de “guerra” no ar… Um clamor por uma cor única.
Um clamor separatista. Um clamor excludente. Um clamor generalista.
Este texto é só para nos lembrar que em todas as cores há pessoas. Pessoas verde-jardim e pessoas verde-bolor.
Dizer que uma cor ou outra é “feia”, inteira “podre” é generalização. E toda generalização é burra e excludente!

A professora Vida deu a todos nós a mesma tarefa: escolher o melhor para o nosso amado país!
Pegue sua folha de sulfite, faça um desenho lindo que registre seu melhor sonho para o Brasil escolhendo a cor que colore seu coração e respeitando a cor do desenho do coleguinha.
E que Deus nos abençoe!

Sigo contigo no amor!
Danielle

Quer acompanhar meus textos? Acesse o site daniellelourenco.com.br  e curta a minha página do Facebook – Entrelinhas de Mulher!

 

COMPARTILHE

ENVIE SEU COMENTÁRIO