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Sobre Viver

Amor e Só


Episódio 5 – Sou Dani Lourenço, escritora e coach de mulheres.Recebi a nobre missão de contar as histórias de 12 mulheres sensacionais que são sobreviventes de situações adversas e desafiadoras, na perspectiva da partilha!Quando essas vencedoras compartilham suas histórias, inspiram-nos a vencermos nossos próprios desafios!São exemplos de coragem, resiliência e certamente de muitas bençãos que nos ensinam sobre viver em meio às adversidades!Com vocês, a quinta história, da Priscila Amorese.

Amor e só

Combinei uma conversa com Priscila por uma ligação de vídeo do WhatsApp. Entre encontros e desencontros, finalmente conseguimos nos “ver”.Confesso que em um primeiro instante, surpreendi-me em saber que aquela mulher tinha uma história de superação para compartilhar. Ela tem um olhar tão doce, uma beleza serena, uma energia de paz que ganharam o meu coração de imediato.Expliquei a proposta do projeto sob o viés da escrita e pedi entrega. É engraçado como vínculos de empatia e confiança acontecem, algumas vezes, de modo quase instantâneo! E foi assim que iniciamos a conversa: conectadas.

Outubro de 2019

Priscila iniciou a narrativa com uma data. Era uma vez, 04 de outubro de 2019. Segundo ela, um dia absolutamente inesquecível.Ainda aconchegada ao marido no início do dia, percebeu um pequeno caroço na mama direita. Mostrou ao marido que confirmou também ter sentido aquele pequeno corpo estranho.Apreensiva, relembrou todas as mulheres de sua família que padeceram desse mal. Porém, imediatamente refutou o medo! Afinal, sabedora dessa história geneticamente escrita, sempre rigorosa com os exames e demais acompanhamentos necessários. E puxando pela memória, a última ecografia mamária fora bem recente.Mesmo assim, seguindo sua intuição, ligou para uma amiga ginecologista em busca de orientações.A amiga, de modo prudente, encaminhou-a a uma clínica especializada para que fizesse exames específicos. De fato, o nódulo estava lá. Mas não bastava ser um nódulo… era O nódulo: um tumor raro – filóide. E por essa razão, seria necessária a realização de uma punção para um diagnóstico mais apurado.Priscila ligou para o marido relatando os acontecimentos. Ele prontamente se dispôs a acompanhá-la neste novo procedimento.Ela, forte como uma rocha, tentou “dispensá-lo” da função, afinal, ela dava conta sozinha. Além disso, ele tinha compromissos profissionais. E nova “surpresa” se fez: O esposo comunicou que fora demitido naquela manhã… Combinaram então de focar no nódulo e chorar pelo emprego na sequência… E vida que segue…

Vida que segue

O nódulo era denso. Punção difícil…Mas o resultado foi tranquilizador: benigno. Ufa!Encaminhada à médica mastologista foi comunicada que o tumor do tipo filóide tinha uma única opção de tratamento: cirurgia. Entonces, que assim seja pensou ela!Em tratativas com a mastologista, Priscila comentou que além de professora era proprietária de uma empresa de eventos e assim, pela agenda lotada, gostaria de realizar o mais breve possível aquele procedimento para estar apta a tocar os compromissos de final de ano outrora agendados.Conversa dali, agenda de lá, desmarca daqui, remarca de lá… e lá se foi a cirurgia para 2020. A incompatibilidade de agenda e a certeza da benignidade foram os motivadores daquele adiamento.

Boas festas

Os compromissos foram honrados e o Natal se aproximava.O nódulo parecia sossegado mas Priscila não… Sabe aquela sensação de que algo errado não está certo? Aquela pulga atrás da orelha? Então, ela se sentia assim…Mas o que seria? Cansaço? Não, afinal ela sempre deu conta de tudo!Estresse? Não, porque afinal, estresse não era nenhuma novidade…A anemia voltara? Não, porque nunca tinha ido embora…Hum! Mas o que estava esquecendo?Ah, e a menstruação? Nem se lembrava o que era aquilo!E uma luz se acendeu…Aliás, acendeu e apagou como em uma rave. Centenas de luzes piscando na mente em formato de perguntas: será? Eu com 43 anos e grávida? Eu com um nódulo e grávida? Com dois filhos adolescentes e grávida? Como isso? Por que agora?Cheia de vergonha e medo, Priscila recorre a amiga gineco novamente:- AMIGA, ME SALVA!Bom, o teste de sangue foi irrefutável: o Beta HCG ultrapassou a marca dos 84000 UMIs. Ou seja, ou eram gêmeos ou a gravidez não era tão recente.Vida, abre um buraco bem grande para mim, por favor?Priscila queria que se abrisse um buraco bem no meio da sala da amiga para que ela se enfiasse e não saísse nunca mais…Chorou rios de lágrimas. Lágrimas de medo, confusão, vergonha, dor e dúvidas.Recuperada do choque inicial, entendeu porque Deus havia propiciado aquela “incompatibilidade de agendas” e agradeceu aos céus…Resolveu retomar o contato com a mastologista para contar aquela novidade e na consulta, a médica constatou que o tumor havia aumentado 4 vezes de tamanho. De 2,5 cm para 10 cm. Tudo começou a fazer sentido… os hormônios da gravidez aceleraram o crescimento o tumor.A cirurgia recebeu status de urgente.

Novos reveses

Cirurgia realizada, segue o dito cujo para análise.Novo susto: alta malignidade! E com este resultado a necessidade de uma nova cirurgia para remoção de todo tecido da mama se fez.Neste novo procedimento, a proposta era de se aproveitar o evento para também reconstruir a mama.Resultado? Necrose! O corpo de Priscila rejeitou totalmente a prótese e de novo, nova intervenção cirúrgica se fez.E Priscila seguia firme e calada.

Como somos fortes quando revelamos nossas fragilidades….

Priscila sempre foi A forte. A resiliente. Aquela que ajuda. A independente. A cheia de autonomia. E pensava consigo mesma que mesmo naquele contexto difícil, não seria diferente!Inicialmente, o plano era remover o nódulo e só depois, comunicar ao mundo a gravidez.Engraçado que a maior motivação para esta decisão foi o medo do julgamento.. Afinal, o que as pessoas iam pensar de uma quarentona grávida? E com um nódulo no peito? E com o marido desempregado? E com filhos adolescentes? E com uma empresa de eventos parada na pandemia… ou tudo isso junto?Ela queria ser poupada dos comentários… Mas o plano falhou miseravelmente né? O tumor era maligno, tinha a Elisa a caminho, o dinheiro estava escasso, as dívidas eram abundantes e a alma estava em frangalhos…Priscila ultrapassou todos os seus limites e resolveu falar.Em um post no Facebook narrou detalhamente a saga daqueles últimos meses. Expôs sua dor, seus medos, suas dificuldades para o mundo. Não em busca de ajuda mas como uma forma de aliviar seu coração.O alívio veio e trouxe com ele o carinho, o afeto, a empatia e a ajuda de centenas de pessoas. Pequenos gestos de afeto são cura para a almaPriscila se surpreendeu com a avalanche de amor que recebeu. Contou com lágrimas nos olhos que se sentiu amada por pessoas que, na singeleza de seus gestos, talvez sequer perceberam o valor da entrega que fizeram. É engraçado como muitas mulheres são tão competentes em amar e cuidar dos outros mas não conseguem se permitir serem amadas e cuidadas. Têm dificuldade em pedir colo e arrego embora ofereçam os ombros e mãos a quem as procura!Mas Priscila aprendeu a receber! Aprendeu a compartilhar! Aprendeu a despir-se do medo do julgamento! Aprendeu a ser cuidada!Veio a vaquinha on-line para dar continuidade ao tratamento, o chá de bebê no estilo drive-thru que foi noticiado até na televisão e uma trégua se fez para que ela pudesse cuidar da pequena Elisa, sua companheira de aventuras.

Amor e só

A flor mais bela é aquela que floresce na adversidade! Em meio a todo o caos, uma semente caiu em terra fértil. Um bebê foi gerado…A despeito do conceito científico que apenas a mãe nutre o feto, Priscila foi igualmente nutrida pela filha. Uma troca de amor que sustentou a ambas durante esse deserto!Em 09 de julho nasceu esta bela flor, esbanjando graça e saúde. Um milagre chamado Elisa que veio ao mundo para ensinar sobre amor, fé, entrega e esperança! Enfim, a cereja do bolo da família Amorese!

❤

Termino a entrevista e começo a escrever. Leio o sobrenome de Priscila e penso: Amorese é bonito, mas “Amor e só” fala mais sobre a história dessa mulher linda e guerreira! Foi o amor e só o amor que a sustentou e que a trouxe até aqui! Foi o amor e só o amor que lhe deu coragem para prosseguir! Foi o amor e só o amor que permitiu que ela revelasse sua vulnerabilidade, permitindo-se receber o amor do outro.Foi o amor e só! Nada mais!Priscila Amor e Só!Obrigada pela confiança e pela partilha!

Que você, sua princesa Elisa, seus filhos e esposo sejam mais felizes do que jamais sonharam! Sigo contigo no amor, Dani

*Fotos – Lucy Lima | Look – Broksfield Donna do Shopping Crystal | Beauty – Atelliê Crystal

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